Vivíamos numa aldeia, nem era uma aldeia, nem era uma vila, nem sei bem se chegava a ser alguma coisa, tinha uma dúzia de casas, e 2 dúzias de adultos e muitas crianças.
Tinha paisagens lindas, havia muitos espaço para brincadeira, muita imaginação e pouco perigo.
Desde a primeira classe que íamos sozinhos a pé para a escola, íamos passando uns nas casas dos outros e quando chegávamos à escola, que era no fundo da rua, já éramos imensos.
Passávamos grande parte do dia na rua, a brincar, na casa uns dos outros, regressávamos quando as nossas mães gritavam o nosso nome, para as refeições, ou para dormir, porque já era tarde.
Havia uma barragem, onde passávamos os dias no Verão, a aprender a nadar e mergulhar.
As casas estavam sempre abertas, tinham sempre a chave na porta, era normal entrarmos, como se fossem a nossa casa.
Ao domingo vestíamos as nossa melhores roupas para ir à missa, e o almoço era mais cuidado neste dia.
A maioria das mulheres não trabalhava, ficava em casa, a tomar conta dos filhos. Os trabalhos que tinham eram sazonais, apanha da maçã, da uva e croché.
As mulheres faziam imenso croché, toalhas, colchas e jogos de naprons, depois, de tanto em tanto tempo passava lá o Sr. das rendas, na sua carrinha, que comprava os trabalhos de renda feitos e ia vende-los a outras terras.
E foi assim, que nós, as filhas da terra também aprendemos a fazer croché, tínhamos que ajudar as nossas mães, quanto mais jogos fizéssemos, mais conseguíamos vender.
Na altura era uma seca, éramos crianças, e não há nenhuma criança que goste de estar sossegada a fazer flores e quadrados de croché, quando havia tanto para brincar, tanto para descobrir.
Era uma obrigação, que hoje em dia se está a transformar num prazer.
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