No meu prédio mora uma mãe e um filho, que terá entre os 35 e 40 anos.
Filho aparentemente normal, como qualquer homem da sua
idade, não fosse a primeira má impressão que transmite, com uma extrema falta
de educação e seria só mais um vizinho.
Inicialmente achei que era uma besta, muito mal educado, daqueles
que não segura a porta quando nos estamos a aproximar, não pede licença, não
cumprimenta. Pelo contrário, empurra quem estiver na frente, bate com a porta
do prédio ou do elevador a quem vier a seguir.
Depois percebi, que o homem têm problemas psicológicos, vive
com a mãe, que será a única pessoa que o ama e que não o consegue abandonar.
Ontem pela segunda vez (que eu tivesse assistido), tiveram de
chamar a polícia, estava a agredir a mãe…mais uma vez.
Encontrei-a, à entrada do prédio, chorosa à espera que chegasse
a polícia, e lá chegou, e lá o levou, algemado…mais uma vez.
E eu fico a pensar naquela mãe e na cruz que lhe calhou e imagino
o que lhe irá na cabeça e no coração.
Ela é mãe e ele é filho e ela deve amá-lo, apesar de tudo.
Deve ter pena dele, porque não tem mais ninguém, e pena dela porque não vê
nenhuma saída.
Porquê eu? Porquê a mim? Devem ser perguntas que já fez mil
vezes e para as quais não encontrou respostas.
Não sei há quantos anos será esta a vida daquela mãe, mas
provavelmente será esta a sua vida até morrer, ou até acontecer uma
tragédia, a um dos dois.
Uma vida de medo, de pena e de angústia.
Uma vida de medo, de pena e de angústia.
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